sábado

ideia dezoito


«C’est après 2008 que j’ai compris que la poursuite du processus d’élargissement, d’approfondissement, de démocratisation, n’était pas automatique, qu’il était réversible, que nous assistions, pour la première fois dans l’histoire de l’Union, à un recul de la démocratie. Je ne pensais pas la chose possible. Nous nous trouvons à la croisée des chemins».
«Si le projet européen doit échouer, la question est de savoir combien de temps sera nécessaire pour revenir au statu quo. Souvenez-vous de la révolution allemande de 1848: après son échec, il a fallu 100 ans pour retrouver le niveau démocratique qui existait auparavant».
Jürgen Habermas, Der Spiegel, Hambourg, 2 décembre 2011, citado por Georg Diez

terça-feira

ideia dezassete

"Angela Merkel et Nicolas Sarkozy ont conclu un compromis entre le libéralisme économique allemand et l’étatisme français qui a un tout autre contenu. Si je vois juste, ils cherchent à consolider le fédéralisme exécutif impliqué dans le traité de Lisbonne en une domination intergouvernementale du Conseil européen contraire au traité. Un tel régime permettrait de transférer les impératifs des marchés aux budgets nationaux sans aucune légitimation démocratique propre.

Les chefs de gouvernement transformeraient de la sorte le projet européen en son contraire: la première communauté supranationale démocratiquement légalisée deviendrait un arrangement effectif, parce que voilé, d’exercice d’une domination post-démocratique."
Jürgen Habermas, 27 octobre 2011, Le Monde, traduit de l’allemand par Denis Trierweiler

domingo

ideia dezasseis

Numa pequena paróquia do sudoeste da Europa, o pároco local, Manuel Morejão, reivindicou paridade em relação ao estado no que respeita ao número de feriados a suprimir para aumentar a competitividade. Não é conhecida a argumentação do clérigo mas supõe-se que estará escrita algures no Catecismo que, a par da Constituição, rege as leis do território.

quarta-feira

ideia quinze

O que muita gente não perdoa a José Sócrates é que, não passando de um provinciano, se arrogue a ousadia de se fazer passar por uma pessoa cosmopolita, informada, polida e que, ainda por cima, tenha sido um político de sucesso (afinal foi eleito duas vezes). E que, como dizia um dia destes a Maria Filomena Mónica na SIC Notícias, tenha ido para Paris estudar Filosofia. "Filosofia? Ele devia era ter voltado para a Covilhã", de onde nunca devia ter saído. Estudar no estrangeiro deveria ser para pessoas como ela, que esteve a estudar em Londres, de extração burguesa lisboeta, agora um pelintra que apanhou o elevador social das berças para Lisboa em vez do comboio da linha da Beira Baixa.

O mesmo pensará MFM, e pessoas iguais a ela, de pessoas como Cavaco Silva, que têm uma origem semelhante. Só que Cavaco Silva, que para elas será sempre para elas o homem de Boliqueime ou o filho do gasolineiro, não pedala para pertencer às elites, não é sofisticado nem veste fatos Armani, é o que é e não aspira a mais do que complicar a vida ao PSD nos intervalos da sua magistratura confusa e bamboleante.
O ódio que esta gente tem a Sócrates é do domínio do demencial, do patológico; a argumentação, mesmo que razoável, que esgrimem contra as suas políticas, é completamente submergida por essa raiva histérica e intolerante. 
Não há pachorra para os ouvir. A frase assassina referida foi a primeira intervenção de MFM no dito programa televisivo - saí da sala onde estava a televisão.

sábado

ideia catorze

Ana Macedo, artista plástica filha de Jorge Braga de Macedo, fez três exposições, duas em Lisboa e uma em Maputo, financiadas pelo Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), cujo presidente do Conselho Diretivo é o seu pai, segundo Daniel Oliveira escreveu numa crónica no jornal Expresso. Ana Macedo dispõe ainda de um ateliê nas instalações do IITC. 
Ou seja, um pai apoia a carreira artística de uma filha utilizando um cargo e dinheiros públicos. Até aqui, tudo normal para Portugal - quem se espanta?
Acontece que Braga de Macedo foi nomeado para o Conselho Geral da EDP, que tem investido nas artes plásticas, nomeadamente através da concessão de prémios, como o Grande Prémio EDP, que distingue artistas plásticos portugueses consagrados e o Prémio EDP Novos Artistas, que distingue valores emergentes da arte contemporânea portuguesa, para além de apoiar iniciativas diversas no campo das artes plásticas. Será que um dia destes poderemos visitar no topo do Museu da Electricidade o novo e espaçoso ateliê de Ana Macedo? E ver o anúncio de uma exposição da artista numa galeria perto de si, apoiada pela EDP? Ou mesmo no próprio Museu da Electricidade? Quem se espantaria?
O meu sobressalto veio quando vi fotografias da exposição em Maputo e a descrição da apresentação da mesma exposição em Lisboa. Sobre as fotos das obras, só consigo  dizer que a arte contemporânea não é propriamente a arte que se faz nos nossos dias, ou seja, vou ali e já venho; sobre a notícia, enfim, dispenso-me de comentar, parece uma coisa de agremiação de bairro passada a meio do século passado, tipo A Canção de Lisboa. Afinal, tudo normal para Portugal.

Esta gente não terá um pingo de decência?  

(os links também são da crónica do Daniel Oliveira)

quinta-feira

ideia treze

O PSD dá-se mal com a hemodiálise. Há uns anos houve um ministro que contou uma anedota de mau gosto sobre o excesso de alumínio na água utilizada para a hemodiálise em Évora; agora é Manuela Ferreira Leite que acha que quem quer hemodiálise a partir dos setenta anos deve pagar. Definitivamente há temas fatais e palavras que deveriam ser proibidas para o PSD. 
O curioso é que na altura da gafe de Carlos Borrego, em 1993, a Manuela Ferreira Leite estava no mesmo governo, como Secretária de Estado Adjunta e do Orçamento ou como Ministra da Educação, não sei precisar. Será que foi contaminada pelo então Ministro do Ambiente e Recursos Naturais e os primeiros sintomas apenas se manifestaram passados 18 anos? Há doenças assim. É um caso para investigar, até porque Mira Amaral, Jorge Braga de Macedo, Eduardo Catroga, Marques Mendes, Dias Loureiro, Durão Barroso e, imagine-se, Cavaco Silva, estavam no mesmo governo. Poderemos estar numa situação muito complicada, lembremos que Braga de Macedo e Eduardo Catroga vão para a EDP, o Durão Barroso é Presidente da Comissão Europeia e Cavaco Silva Presidente da República. 
Num cenário catastrofista, mas possível, poderá acontecer que os chineses, os líderes europeus, entre os quais a senhora Merkel e o senhor Sarkozy, e, digamos, uma mão cheia de chefes de estado poderão também ser contaminados. Felizmente que os senhores da troika não têm contactos diretos com nenhuma destas pessoas, assim não nos faltará dinheiro. Mas o papel de Portugal no mundo ficará para sempre manchado. Depois dos descobrimentos, do 25 de Abril e do Ronaldo, estaríamos a dar ao mundo o síndroma das piadas de mau gosto sobre hemodiálise.

ideia doze

Parece que o SNS português é muito bom, ou mesmo excelente. Portanto, é preciso fazer alguma coisa, não pode ser. Os portugueses, quem é que julgam que são? Lordes? Ricos? Privilegiados? Como é que puderam imaginar que poderiam ter o usufruto de um serviço que só quem pode pagar deveria ter? Há que racionar, isto não pode ser para todos!
Por exemplo, lembrei-me agora, porque raio é que as pessoas que dependem da hemodiálise para viver, se tiverem uma certa idade, setenta anos ou mais, logo com uma esperança de vida limitada, hão de ter acesso aos tratamentos gratuitos? É um desperdício, poderia utilizar-se esse dinheiro noutra coisa qualquer. A não ser que pagassem, aí era diferente, ninguém tinha nada a ver com isso. Foi só uma ideia, como é que ninguém se tinha lembrado disto até agora?
Mais uma achega: as pessoas com mais de, digamos, oitenta anos, que fracturam, por descuido, o fémur ou a anca, por que razão é que são operadas? A sua mobilidade já era pouca, a cabeça não devia ser grande coisa, para quê o desperdício da cirurgia, da fisioterapia, da maçada do apoio dos familiares? Claro que se tiver dinheiro para pagar, o problema é delas e da família, cada um sabe de si. Deve haver mais exemplos, hei de pensar nisso.
Enfim, os portugueses estão mal habituados, o que realmente merecem, já que andaram a gastar o que não tinham, é um SNS sofrível, medíocre ou mau também não, haja alguma humanidade.

domingo

ideia onze

É insuportável ver os ministros, secretários de estado e outras figuras avulsas com badges da bandeira de Portugal na lapela. Lembro-me de que, há alguns anos, durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes, os ofícios da Função Pública, internos e externos,tinham as palavras Portugal em Acção por cima de uma bandeirinha desfraldada ao vento. Recuando mais no tempo, até meados dos anos setenta do século vinte, os ofícios, circulares e cartas oficiais e oficiosas do Estado terminavam com uma frase: A Bem da Nação.
Esta espécie de sintonia talvez não tenha uma conotação política mas sim cultural. Mas não deixa de ser intrigante. E lamentável: o que levará esta gente a proclamar e a pavonear o seu patriotismo? Que tipo de pessoas é que quererão sensibilizar, impressionar, tocar? Os jovens que aconselham a emigrar? A classe média que estão a espoliar? Os saudosistas de todos os passados? Ou será apenas puro exibicionismo entre iguais, do género eu-também-pertenço-ao-clube?

ideia dez

"Se a sra. Merkel tivesse tido uma Barbie no seu quartinho na Alemanha de Leste, a nossa vida podia ser outra", Clara Ferreira Alves (Revista do Expresso, 7/JAN/12).

ideia nove

Situação um, à porta de casa: "ó Miguel, trouxeste o avental?", a família vai fazer um piquenique e o Miguel vai estar de faxina ao barbecue e os temas de conversa andarão à volta do ménage e da vida dos filhos.
Situação dois, à porta da cozinha: "ó Miguel, trouxeste o avental?", é um dia de convívio, os amigos estão a chegar para trocarem dichotes sobre mulheres, futebol e minudências diversas.
Situação três, a uma porta discreta algures numa cidade:"ó Miguel, trouxeste o avental?", seguem-se risos, discretos, os homens entram à vez e irão discutir os nossos destinos, de todos nós, e os deles, de todos eles.

sábado

ideia oito

Alguém quer saber se Fernando Nobre pertence à Maçonaria, se vai ou não à missa, o que pensa ou o que diz? Não percebe que já passou à história?
Esta gente não se enxerga?

sexta-feira

ideia sete

Secretas ou Discretas?

ideia seis

O Otelo Saraiva de Carvalho disse, numa entrevista, que se a situação política atingir certos limites, poderia fazer-se uma revolução, ou um golpe militar: mandou investigar e um grupo de cidadãos apresentou uma queixa e o Ministério Público abriu um inquérito e o DIAP vai investigar; a Manuela Ferreira Leite um dia propôs um intervalo de seis meses na democracia para endireitar o país: não há um grupo de cidadãos que queira apresentar uma queixa?

ideia cinco

Devo dizer que há nas tvs dois programas de debate onde se dizem coisas verdadeiramente interessantes: Quadratura do Círculo, pela inteligência e Eixo do Mal, pela independência. O resto é do domínio do "oracular", da pesporrência partidária ou da vaidade. E nem sequer estou a incluir os economistas que saltitam de canal em canal - esses nem se dão ao trabalho de pedir desculpa pelos sucessivos falhanços das suas previsões ou, pelo menos, de os explicar.

segunda-feira

ideia quatro

"A ideia de Pai Natal deve ser facilitada pelos pais", aconselha o pediatra Emídio Carreiro no Expresso, num artigo de Raquel Moleiro sobre os medos que as crianças mais pequenas têm do Pai Natal, "um velho desconhecido, gordo, de barbas de poliéster, voz rouca, capuz enfiado na cabeça e o corpo coberto por um fato vermelho made in china, de corte discutível". E são dados alguns conselhos para que as crianças encarem a figura do velho senhor de barbas brancas com mais naturalidade.
Como é que ninguém se lembrou de sugerir, muito simplesmente, que se explique às crianças "aterrorizadas" que o Pai Natal é uma personagem de ficção, como tantos monstros e figuras maléficas?