Ana Macedo, artista plástica filha de Jorge Braga de Macedo, fez três exposições, duas em Lisboa e uma em Maputo, financiadas pelo Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), cujo presidente do Conselho Diretivo é o seu pai, segundo Daniel Oliveira escreveu numa crónica no jornal Expresso. Ana Macedo dispõe ainda de um ateliê nas instalações do IITC.
Ou seja, um pai apoia a carreira artística de uma filha utilizando um cargo e dinheiros públicos. Até aqui, tudo normal para Portugal - quem se espanta?
Acontece que Braga de Macedo foi nomeado para o Conselho Geral da EDP, que tem investido nas artes plásticas, nomeadamente através da concessão de prémios, como o Grande Prémio EDP, que distingue artistas plásticos portugueses consagrados e o Prémio EDP Novos Artistas, que distingue valores emergentes da arte contemporânea portuguesa, para além de apoiar iniciativas diversas no campo das artes plásticas. Será que um dia destes poderemos visitar no topo do Museu da Electricidade o novo e espaçoso ateliê de Ana Macedo? E ver o anúncio de uma exposição da artista numa galeria perto de si, apoiada pela EDP? Ou mesmo no próprio Museu da Electricidade? Quem se espantaria?
O meu sobressalto veio quando vi fotografias da exposição em Maputo e a descrição da apresentação da mesma exposição em Lisboa. Sobre as fotos das obras, só consigo dizer que a arte contemporânea não é propriamente a arte que se faz nos nossos dias, ou seja, vou ali e já venho; sobre a notícia, enfim, dispenso-me de comentar, parece uma coisa de agremiação de bairro passada a meio do século passado, tipo A Canção de Lisboa. Afinal, tudo normal para Portugal.
Esta gente não terá um pingo de decência?
(os links também são da crónica do Daniel Oliveira)
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